Lula promete desmatamento zero e cobra recursos dos países ricos na COP27

Lula discursa na COP27. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente eleito Lula da Silva reiterou na COP27 nessa quarta-feira o compromisso do Brasil de zerar o desmatamento até 2030. “Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida”, reconheceu Lula, na sala da ONU na conferência de Sharm el-Sheikh, Egito. “Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030.”

“O Brasil já mostrou ao mundo o caminho para derrotar o desmatamento e o aquecimento global”, afirmou ele. “Entre 2004 e 2012, reduzimos a taxa de devastação da Amazônia em 83%, enquanto o PIB agropecuário cresceu 75%.”

Por outro lado, o presidente eleito cobrou dos países ricos o cumprimento da promessa de mobilizar US$ 100 bilhões por ano para apoiar os países em desenvolvimento na transição energética, no combate ao desmatamento e no enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas, como enchentes, secas e elevação do nível do mar. “Os acordos já finalizados têm que sair do papel”, disse ele. “Para isso, é preciso tornar disponíveis recursos para que os países em desenvolvimento, em especial os mais pobres, possam enfrentar as consequências de um problema criado em grande medida pelos países mais ricos, mas que atinge de maneira desproporcional os mais vulneráveis.”

Na COP15, em Copenhague, em 2009, ficou acertado que os países ricos contribuiriam com US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020. Veio a pandemia, e esse dinheiro não apareceu. No ano passado, foram US$ 83 bilhões. A maior contribuinte foi a União Europeia, com US$ 23 bilhões, valor que promete destinar este ano também. Segundo a organização alemã Clima Clock, a contribuição dos Estados Unidos com a mudança climática equivaleria a US$ 32,3 bilhões. O país contribuiu, no entanto, com US$ 7,6 bilhões em 2021.

Ao lado do governador do Pará, Hélder Barbalho, Lula propôs a realização da COP30, em 2025, em um estado da Amazônia. O Brasil em princípio seria a sede da conferência em 2019, mas o governo de Jair Bolsonaro não demonstrou interesse. Então a sede ficou para a Espanha. Lula conversou sobre o assunto com a ministra espanhola de Transição Ecológica, Theresa Ribera. A Espanha já foi sede da COP25, em 2020, em Madri.

Tudo parecia ir bem, afinal os participantes da COP teriam muito mais interesse em ir à Amazônia do que à Espanha. Além disso, o primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, é amigo de Lula, recebeu-o em Madri em novembro de 2021 e declarou apoio a sua candidatura no segundo turno. Mas surgiu um problema político interno: o governador da Andaluzia, Juanma Moreno, pediu a Sánchez para que sua região seja a sede. Moreno é do Partido Popular (PP), de oposição. Ignorar o pedido dele daria a impressão de que Sánchez deixou de lado o interesse nacional para atender a um governante estrangeiro em vez de um rival político interno. Vamos ver qual será a decisão do primeiro-ministro espanhol.

Lula se reuniu também com os representantes dos Estados Unidos, da China e da União Europeia para o Meio Ambiente, John Kerry, Xie Zhen Hua e Frans Timmermans, respectivamente, e com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Com ou sem COP30, “o Brasil está de volta”, como disse Lula.

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