Farinha de castanha gera renda e mobiliza mulheres Wai Wai

Mulheres Wai Wai na Terra Indígena Trombetas Mapuera, município de Caroebe, Roraima. Foto: Evilene Paixão / ISA

Você já ouviu falar em  “mawkin” (a pronúncia é “mô-cã”)?

A palavra identifica um tipo de farinha feita nas terras indígenas dos Wai Wai, em Roraima. Preparada a partir da castanha-do-Pará torrada, ela é misturada com tapioca e se transforma em uma espécie de paçoca, produzida pelas mulheres Wai Wai.

Muito além de um exemplo culinário, o mawkin também representa uma importante fonte de renda, a ponto de a produção dessa paçoca ter um significativo papel nos bastidores de um movimento para valorizar o trabalho das indígenas Wai Wai.

Aumentar a produção e vendas de mawkin é um dos objetivos destacados pelos grupos que se mobilizaram para o lançamento dos Departamentos de Mulheres Indígenas Wai Wai (DMIW), realizado no último mês de abril.

Os departamentos foram criados em cada uma das três associações Vai Wai: Associação dos Povos Indígenas Wai Wai (APIW), Associação do Povo Indígena Wai Wai Xaary (APIWX) e Associação Indígena Wai Wai da Amazônia (AIWA).

Em matéria publicada no site do Instituto Socioambiental, Geneide Wai Wai, responsável geral pelos novos departamentos, conta que “era antigo o desejo de criar espaços exclusivos de mulheres indígenas”. “Sempre foi do interesse das mulheres ter alguma representação, associação ou departamento. Isso já era discutido entre os homens e as mulheres”, ela diz. 

Geneide também destaca que os departamentos representam um “passo importante” para o fortalecimento e valorização das mulheres indígenas que trabalham com vendas de produtos, inclusive o mawkîn.“Agora vamos nos organizar melhor para trabalhar bem com as vendas e produzir mais”, afirma Geneide.

Sobre os Wai Wai: Os indígenas que se identificam e são identificados como Wai Wai encontram-se dispersos em extensas partes da região das Guianas. São falantes, em sua maioria, da família lingüística Karib. São historicamente reconhecidos como especialistas no fornecimento de sofisticados raladores de mandioca, papagaios falantes e cães de caça. Têm fama até os dias de hoje de grandes viajantes em suas expedições em busca de “povos não vistos” (enîhnî komo). 

Eles habitam o sudeste de Roraima, na fronteira com a Guiana, o nordeste do Amazonas e o noroeste do Pará. Em sua maioria é uma comunidade evangélica. Os Wai Wai têm como atividade econômica a extração da castanha-do-Pará, que é comercializada para outros estados brasileiros por  empresários.

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