Um conto real de fadas

 

João e Maria, na Rodovia Manaus-Porto VelhoM. Foto: Adriano Gambarini

Adriano Gambarini
Em 2010 participei de uma expedição pela lendária BR-BR319. Um rasgo de asfalto trincado na maior floresta tropical do mundo. Uma terra original dos povos da floresta, arrancada pelos desejosos de poder e entregue aos ingênuos que buscam a vida.
E foi neste pedaço de um país sem Brasil, que conheci João e Maria.
Ao contrário da história que adormece em algum canto infantil da nossa memória, não segui um rastro de migalhas de pão. Para conhecer Maria e João é preciso seguir apenas o escutar do coração.
A casa de João e Maria não é feita de paredes de doces e telhado de biscoitos. As paredes são das madeiras de seu quintal, e pintadas com flores azuis e borboletas rosas e amarelas pelas mãos de Maria. Sob o olhar doce de João.
Não existem bruxas famintas querendo fazer bom proveito de Maria e João.
Pois na vida de João e Maria a bondade é reinante, e não há espaço para algo mau e humano. As almas puras de Maria e João são protegidas pela força superior dos encantados da mãe amazônica.
João e Maria caminharam passos curtos numa estrada larga até chegarem neste canto de mundão. Nasceram nordeste, cresceram sulistas, descansam norte.
Maria e João foram várias vezes de onde estão.
Mas por alguma razão que só talvez a sutileza das sombras da grande floresta possa entender, João e Maria sempre voltaram. Sem seguir migalhas de pão.
Pois para buscar seu destino não é preciso rastros, basta seguir sua alma. Com calma. Como fizeram Maria e João.

 

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