Rede de comunicação indígena é premiada na Holanda

Quem conhece a Amazônia sabe o desafio que suas dimensões imensas impõem à comunicação. Os indígenas entendem a importância de difundir as informações do que se passa nas comunidades e têm feito grandes progressos nesse sentido. Um desses esforços foi agora reconhecido pelo Prêmio Estado de Direito 2022, do World Justice Project (WJP), em Haia, na Holanda, durante o Fórum Mundial de Justiça 2022.

O reconhecimento foi conferido à Rede Wayuri, que reúne 55 comunicadores de 16 etnias. A rede produz por exemplo o programa semanal de rádio “Papo da Maloca”, que vai ao ar na FM 92,7, de São Gabriel da Cachoeira (AM). O programa fica disponível também no podcast Wayuri. A rede planeja reforçar sua presença das redes sociais. (aqui o link para o Instagram da rede).

Wayuri significa trabalho coletivo, mutirão, no idioma nheengatu. Um dos objetivos da rede é fazer frente às fake news sobre os povos indígenas. Em janeiro, durante a IV Oficina da Rede Wayuri, o grupo traduziu para as línguas indígenas da região o termo “fake news”, para explicar o que essa ameaça representa e como lidar com ela.

“A Rede Wayuri exerce um papel fundamental através de comunicadores indígenas que fortalecem as comunidades ao distribuírem informações verdadeiras que fazem a contranarrativa às notícias falsas que promovem o medo e colaboram para o aumento da violência e da destruição na Amazônia”, destacou Marivelton Barroso, do povo Baré, e presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). Ele recebeu a premiação pessoalmente em nome dos comunicadores.

De acordo com a WJP, a Rede Wayuri foi selecionada em uma busca global. “Eles construíram conscientização e engajamento local em questões como a pandemia, a violência contra as mulheres e uma série de ameaças ambientais”, explicou a organização.

“O reconhecimento internacional da Rede Wayuri mostra o quanto o combate à desinformação é importante no Brasil, assim como a situação de vulnerabilidade e ameaças que os povos indígenas e a Amazônia vêm enfrentando no atual contexto político brasileiro, onde o Estado de Direito também está sob ataque”, analisou a jornalista e articuladora de políticas socioambientais do Instituto Socioambiental (ISA), Juliana Radler, que atua com a Rede Wayuri desde a sua criação, em 2017, e também esteve em Haia para a premiação.

Mais informações nesta reportagem do ISA.

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