ONU ressalta importância de “ações urgentes” para garantir um futuro habitável

Hoesung Lee e Abdalah Mokssit, em Interlaken, na Suíça durante a divulgação do relatório do IPCC – Foto: ©_IPCC-A.Tardy

A ONU divulgou nesta segunda-feira, 20 de março, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. O documento ressalta a importância de “ações urgentes” em relação à realidade climática para garantir um futuro habitável. “A integração de ações climáticas efetivas não apenas reduzirá perdas e danos à natureza e às pessoas, mas também proporcionará benefícios mais amplos”, disse o presidente do IPCC, Hoesung Lee. 

Em 2018, o IPCC destacou o desafio necessário para manter o aquecimento em 1,5°C em relação ao período da pré-Revolução Industrial. Cinco anos depois, esse desafio tornou-se ainda maior devido ao aumento contínuo das emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o relatório, “o ritmo e a escala do que foi feito até agora e os planos atuais são insuficientes para enfrentar as mudanças climáticas: Mais de um século de queima de combustíveis fósseis, bem como energia insustentável e uso não regenerativo da terra levaram ao aquecimento global de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais. Isso resultou em eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos, que causaram impactos cada vez mais perigosos na natureza e nas pessoas em todas as regiões do mundo.”

O relatório, aprovado durante uma sessão de trabalho de uma semana em Interlaken, na Suíça, destaca as perdas e danos que o mundo está enfrentando, atingindo especialmente as pessoas e os ecossistemas mais vulneráveis. 

“A justiça climática é crucial porque aqueles que menos contribuíram para a mudança climática estão sendo afetados de forma desproporcional”, disse Aditi Mukherji, um dos 93 autores do documento, também chamado de “Relatório Síntese”. 

“Quase metade da população mundial vive em regiões altamente vulneráveis ​​às mudanças climáticas. Na última década, as mortes por enchentes, secas e tempestades foram 15 vezes maiores em regiões altamente vulneráveis”, acrescentou Mukherji.

“Os maiores ganhos em bem-estar podem vir da priorização da redução do risco climático para comunidades de baixa renda e marginalizadas, incluindo pessoas que vivem em assentamentos informais”, disse Christopher Trisos, um dos autores do relatório. “A ação climática acelerada só acontecerá se houver um aumento significativo no financiamento de ações para o desenvolvimento sustentável”, avalia Trisos.

Segundo o IPCC, há capital global suficiente para reduzir rapidamente as emissões de gases de efeito estufa se as barreiras existentes forem reduzidas. “Aumentar o financiamento para investimentos climáticos é importante para atingir as metas climáticas globais. Os governos, por meio de financiamento público e sinais claros aos investidores, são fundamentais para reduzir essas barreiras. Investidores, bancos centrais e reguladores financeiros também podem desempenhar seu papel”, afirmam os autores do relatório.

“Mudanças transformacionais têm maior probabilidade de sucesso onde há confiança, onde todos trabalham juntos para priorizar a redução de riscos e onde benefícios e ônus são compartilhados equitativamente”, ressaltou Hoesung Lee. “Vivemos em um mundo diverso no qual todos têm diferentes responsabilidades e diferentes oportunidades para provocar mudanças. Alguns podem fazer muito, enquanto outros precisarão de apoio para ajudá-los a gerenciar a mudança”, afirmao o presidente do IPCC.


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