Para o Dia Mundial do Meio Ambiente, Estocolmo pede transição climática inclusiva

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, no centro à frente, de gravata vermelha, entre o rei Carl XVI Gustaf, da Suécia, à esquerda, e o presidente queniano, Uhuru Kenyatta – Foto:UNEP

É um cinquentenário complexo. Desde que o Dia Mundial do Meio Ambiente foi instituído pelo ONU, em 5 de junho de 1972, durante uma conferência de duas semanas sobre a humanidade e o meio ambiente, em Estocolmo, na Suécia, a relação entre a sociedade e natureza vem se complicando em múltiplos fatores. 

O contexto é complexo e exatamente por esse motivo, ações são urgentes. Com o planeta enfrentando uma “tríplice crise” — mudança climática, diminuição da biodiversidade e poluição —, 50 anos depois, Estocolmo voltou a reunir representantes de governos, sociedade civil e setor privado para incentivar ações por um planeta “mais saudável”.

O encontro internacional Estocolmo+50, nos dias 2 e 3 de junho, foi organizado pelos governos da Suécia e do Quênia, com milhares de participantes que debateram propostas de desenvolvimento sustentável. O encontro contou, entre os palestrantes, com apresentações do Rei Carl XVI Gustaf, da Suécia, da primeira-ministra sueca Magdalena Andersson, do presidente queniano Uhuru Kenyatta, e do Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

“A crise do nosso meio ambiente e do nosso clima afeta pessoas em todo o mundo. Os países desenvolvidos são os que sempre mais poluíram e os mais pobres são os mais atingidos”, disse a primeira-ministra Magdalena Andersson no discurso de abertura da Estocolmo+50. “Devemos garantir que nenhum país seja deixado para trás. E que nenhuma pessoa seja deixada para trás. A transição climática só pode ser feita de forma social e inclusiva. Isso não é apenas uma  opção. É a nossa obrigação moral”, ressaltou Magdalena.

De acordo com um comunicado da ONU sobre o encontro em Estocolmo, de maneira geral, os discursos da Estocolmo+50 deram ênfase à necessidade de uma ação decisiva “para transformar a economia global e a relação da humanidade com a natureza para que as pessoas e o planeta possam prosperar”.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, destacou a importância de atuar em conjunto para alcançar as metas dos planos de transição climática. “Se trabalharmos juntos, como uma comunidade de nações, temos uma oportunidade excepcional de transformar os compromissos climáticos e ambientais em ação. Aumentar o financiamento e a implementação desses compromissos deve ser o foco dessa ações”, completou o líder africano. O Quênia é sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) desde sua criação, após a Conferência de Estocolmo de 1972.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que “o bem-estar global está em perigo, em grande parte porque não cumprimos nossas promessas sobre o meio ambiente”.

“Precisamos mudar de rumo – agora – e acabar com nossa guerra suicida e sem sentido contra a natureza”, alertou Guterres. “Devemos dar verdadeiro valor ao meio ambiente e ir além do Produto Interno Bruto (PIB) como medida de progresso e bem-estar humano. Não esqueçamos que quando destruímos uma floresta, estamos criando PIB. Quando pescamos em excesso, estamos criando PIB. O PIB não é uma forma de medir a riqueza na situação atual do mundo. Em vez disso, devemos mudar para uma economia circular e regenerativa”.

Alimentação indígena

O programa da Estocolmo+50 foi preparado com uma série de consultas regionais com múltiplos participantes na África, Ásia e Pacífico, Europa, América Latina e Caribe, e Ásia Ocidental, com o objetivo de envolver o maior número possível de participantes. 

O encontro contou com uma série de plenárias com debates para acelerar a implementação da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Também houve discussões sobre os impactos da Covid-19 e centenas de eventos paralelos com painéis e seminários sobre temas diversos. 

Uma das atividades da programação destacou o tema “Sistemas de alimentação e conhecimento dos Povos Indígenas: soluções em sustentabilidade, conservação e restauração”.  Segundo a apresentação do painel, esses sistemas de alimentação, entre os mais antigos e sustentáveis ​​do planeta, são capazes de fornecer segurança alimentar e nutricional ao mesmo tempo em que restauram ecossistemas e mantêm a diversidade genética.

Jovem protesta durante a Estocolmo+50 no último dia 2 de junho – Foto: UNEP

Participantes da Conferência da ONU sobre meio ambiente em 1972, em Estocolmo, quando foi instituído 5 de Junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente – Foto: UN Photo/Yutaka Nagata

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