Manejo do pirarucu traz renda para pescadores no Amazonas

Pesca do pirarucu em lago da reserva Mamirauá, no Amazonas. Imagem: captura de vídeo da FAS

O pirarucu, o apreciado “peixe gigante” vermelho da Amazônia, tinha praticamente desaparecido dos lagos de Fonte Boa, a 600 km de Manaus, por causa da pesca predatória por barcos comerciais. Em 2003, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) introduziu um programa de manejo sustentável. Hoje, o pirarucu está de volta, trazendo renda para os pescadores artesanais das comunidades.

Os lagos foram guardados, ou seja, ficaram livres de pesca, por dois a três anos. Antes disso, “ver dois, três pirarucus era muito”, lembra o pescador Raimundo Gomes, que mora na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Mamirauá. “Na primeira contagem, deu 270 pirarucus grandes. Desde lá, graças a Deus, foi aumentando o produto do lago, a renda.” Isso, só em um lago. A reserva tem 350.

Essa é a palavra-chave, para os moradores da região: renda. “O manejo, do meu ponto de vista, é uma fonte de renda para a gente”, diz o pescador Joilson de Souza. “A gente passa a etapa toda do ano guardando o pescado. Quando chega setembro, até o final de novembro, a gente tem como ter uma renda do peixe.”

Só os pirarucus adultos, ou seja, com 1,5 metro ou mais, são capturados. A pesca é seletiva, feita com arpões de 3 metros ou redes de malhas largas, que só prendem os peixes maiores. O peixe adulto bóia a cada 25 minutos para respirar, e é aí que os arpões entram em ação. De pé em suas canoas, os pescadores identificam o tamanho de suas presas a olho nu.

O pirarucu é vendido para o mercado, com um selo de sustentabilidade. Todo restaurante e banca de pescado precisa se certificar de que está comprando peixe de manejo. Caso contrário, o comércio é ilegal. O pirarucu é protegido por lei, por ter atingido o risco de extinção. O manejo é combinado com uma fiscalização, para evitar a entrada de barcos comerciais de fora. Os pescadores locais ajudam na fiscalização e alertam as autoridades para invasões.

A ação envolve a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema/AM), o Ibama e a Associação dos Moradores e Usuários da Reserva Mamirauá (Amurmam).

É um exemplo claro do quanto a proteção do meio ambiente não entra em conflito com a geração de renda. O desenvolvimento sustentável é resultado da intervenção do Estado, da ação de entidades da sociedade civil, como a FAS, e da cooperação entre os moradores locais. E uma dose de bom senso.

 

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